sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Os candidatos e os moradores de rua

1) Matéria publicada na ZH de domingo sobre o posicionamento dos candidatos à prefeito em relação aos moradores de rua. Sempre a mesma jornalista, que insiste em utilizar as palavras "constrangimento" e "extorsão" para se referir a essa parte da população.
Incrível a declaração do candidato Carlos Gomes, que acredita que tais pessoas deveriam ser retiradas à força das ruas, já que não é correto que "40 ou 50" seres fiquem constrangendo os cidadãos. Além de demonstrar uma postura autoritária, prova que é um ignorante, já que não sabe que na cidade que pretende governar existem mais de mil pessoas em situação de rua.
E mais: Maria do Rosário reforça a representação social dominante sobre os sem-teto ao dividí-los em dois grupos, os que apresentam algum distúrbio psicológico e os que andam armados e são ameaça. São, portanto, problema de internação psiquiátrica ou de prisão pela Brigada Militar. E só. Não apresenta nenhuma proposta sobre melhoria dos abrigos, sobre continuação do Programa de Reinserção à Atividade Produtiva (RAP), sobre mais respeito das polícias com esses sujeitos. Seu comentário desconsidera a diversidade de motivos que leva os indivíduos para as ruas e os faz ali permanecer e os reduz a duas categorias estereotipadas.
2) Entrevista com Maria do Rosário publicada hoje em ZH. Questionada sobre "o pior de Porto Alegre", responde: as pessoas que vivem na rua.
Não poderia ter me deixado mais triste.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Comemoração de aniversário: 8 anos do Boca de Rua

O jornal Boca de Rua há 8 anos mostra uma realidade que não aparece na grande mídia. Ao revelar esta outra verdade, contribui para a formação de pensamento crítico de todos os cidadãos.
Neste sábado, os integrantes do Boca de Rua reunir-se-ão para comemorar os 8 anos de existência do projeto e conversar com seus leitores. A partir das 14h, na Redenção, estarão expostas fotografias realizadas pelos moradores de rua em uma oficina realizada neste ano. Os jornais novos e antigos poderão ser comprados.
Há 3 anos, depois de muita persistência, consegui entrar para a Rede Boca. Logo que conheci o jornal, tive vontade de participar, mas não foi fácil encontrar e convencer a Clarinha. Os primeiros momentos no projeto foram de um estranhamento enorme e exigiram de mim um grande esforço para que conseguisse me adaptar - embora, por vezes, pense que ainda não consegui.
Por mais que o projeto enfrente muitas dificuldades e que muitas vezes as reuniões sejam cansativas e tumultuadas, eu posso afirmar que fazer parte deste jornal é um motivo de orgulho. Certamente, desde setembro de 2005 a minha vida e o meu olhar sobre ela foram profundamente modificados - e continuam sendo, a cada segunda-feira. Eu só tenho a agradecer aos integrantes do jornal, que me aceitam (mesmo com a minha braveza), me ensinam, me fazem sorrir e chorar. E aos queridos que compuseram a Rede Boca nestes anos, Manoel, Clarinha, Nanda e Rosina, que compartilham as alegrias e as dores deste trabalho.
Apareçam para falar com os guris (é provável que eles até cantem).
(O Bocão, que aparece sentado na foto do convite, é o único integrante que participa desde a fundação do jornal. Quem segura o cartaz é a querida Chineza. Certamente ela ficaria lisonjeada de estar ali.)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Entrevista coletiva

Na próxima quinta-feira, 4 de setembro, às 14h30min, no Gapa/RS*, acontecerá uma entrevista coletiva com alguns integrantes do jornal Boca de Rua. A entrevista é uma iniciativa do Coletivo Catarse de comunicação, em parceria com o Boca, e será aberta a todos os que quiserem participar.
O objetivo é que a conversa gere textos semelhantes que serão publicados em blogs diversos, ao mesmo tempo. É uma forma de conceder mais espaço a um olhar sobre a realidade que não é publicizado pelos meios de comunicação, permitindo que os moradores de rua que integram o jornal possam responder a questionamentos de quem não vivencia a mesma situação. E uma oportunidade para que, além de entrevistadores, eles sejam também entrevistados, valorizando o que eles têm a contar.
*O Gapa/RS fica na rua Luiz Afonso, 234 - Cidade Baixa.