sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O Amor nos Tempos do Cólera




Como há tempos não acontecia, os cinemas porto-alegrenses estão cheios de filmes que eu gostaria de assistir. Duvido que eu consiga ver todos. Minha temporada Bom Princípio-Buenos Aires resultou na perda de Império dos Sonhos (Inland Empire), mas eu torço para que o AeroGuion – um dos meus cinemas preferidos – o recoloque em cartaz em breve.


Na minha modesta lista dos filmes que precisam ser assistidos estão Across the Universe, A vida dos outros e Meu Nome não é Johnny. O mais esperado é Desejo e Reparação (Atonement), baseado no livro Reparação, do inglês Ian McEwan, minha descoberta literária de 2007. Sempre fico receosa com adaptações das obras que gosto para o cinema, porque o roteiro nunca contempla toda a história e na minha imaginação as personagens costumam ser muito melhores que no filme. As críticas que li, porém, são positivas e garantem que o próprio McEwan aprovou o resultado.


A paixão por García Márquez fez com que eu esperasse com ansiedade o lançamento de O Amor nos Tempos do Cólera, primeiro escolhido do ano. Fui assisti-lo com o mesmo receio de que falo acima, acrescido de outros motivos. Primeiro, junto com o Cem Anos de solidão, o Amor nos tempos do Cólera é o melhor livro do Gabo, o que aumenta as chances do filme não chegar aos pés. Depois, o próprio escritor disse que o diretor Mike Newell não conseguiria filmar a história. Por fim, Pedro e Paola, meus cineastas queridos, disseram que o filme era muito ruim e que não valia meu dinheiro. Mesmo assim, eu sou teimosa e fui.


Observação: escolhi o cinema do Moinhos, por causa do desconto do dia e pela menor quantidade de pessoas comilonas de pipoca. Ninguém merece assistir a qualquer filme escutando a mastigação das pessoas que estão sentadas perto. (Gente, pipoca se come em casa ou então antes do filme começar!). Infelizmente, o número de pacotes de pipoca foi muito maior do que o esperado.


O Amor nos Tempos do Cólera começa com uma pequena animação para anunciar o título. Bonitinha, coloridinha, flores que se mexem, mas não me conquistou. Como quase nada da película. Eu gosto muito da história, portanto não consigo achar totalmente ruim e não me pareceu tão longo. Entretanto, é decepcionante em muitos pontos.


Os atores são, em sua maioria, de origem espanhola. A história se passa em Cartágena das Índias, na Colômbia. A língua original do livro é o espanhol. E os diálogos do filme são em inglês. Horrível, pois é um inglês muito mal falado, com sotaque carregadíssimo. As crianças que aparecem de fundo gritam em espanhol e os atores usam umas expressões em espanhol no meio das conversas. Péssima escolha.


A maquiagem não funciona e não consegue deixar o espanhol Javier Bardem e a italiana Giovanna Mezzogiomo, que interpretam Florentino Ariza e Fermina Daza, com ares de 70 anos. Talvez por isso eles exagerem na interpretação e ajam como se tivessem 90 anos e estivessem quase morrendo. Não convence, não convence. Giovanna também não consegue passar nenhum carisma à personagem e eu saí do cinema com raiva da Fermina, o que não lembro de ter acontecido no livro.


Para completar, a trilha sonora foi feita pela Shakira. Ou melhor, usaram músicas da Shakira, pois a trilha sequer é original. É triste o momento em que Fermina é obrigada pelo pai a sair da cidade para ficar longe de Florentino e, durante a viagem de mulas até o interior, toca Pienso em ti, música do álbum Pies Descalzos, de 1996. Do tempo em que eu gostava de Shakira.

Enfim, embora vários aspectos tenham me desagradado, não tive vontade de sair no meio da sessão. Por R$ 5,00, valeu. Ao menos me deu motivos para escrever e postar alguma coisa nesse blog envergonhado e desatualizado.

3 comentários:

amo são paulo disse...

sem pipoca é realmente melhor...
Quero saber mais o que pensas...
Tu ilumina minhas tonterias

Unknown disse...

Pois eu to quase ficando sem vontade de ver o filme tbm...com a quantidade de criticas negativas...mas por cinco pilas concordo q vale a pena sim....

Vica disse...

Todo mundo que viu o filme, sem ler o livro, achou maravilhoso. Eu fiquei com raiva do Florentino quase beesha louca do Javier Bardem. Não gostei nem um pouco. Como eu não gostava de Shakira, essa música Pienso en Ti foi uma das poucas coisas boas do filme, eu me apaixonei pela música. O que salva é o Benjamin Bratt, que é tudo de bom!